14 de setembro 2016
O Cérebro Social: como a vida social influencia o cérebro e o comportamento
Rui Oliveira
O ambiente social é uma importante força seletiva na evolução do cérebro, da cognição e do comportamento. A interação com outros agentes comportamentais, que caracterizam o domínio social, cria um elevado nível de imprevisibilidade e complexidade no ambiente, o qual requer uma maior capacidade cognitiva (entendida como os processos neuronais relacionados com a aquisição, manutenção e uso de informação) e concomitantemente um cérebro com uma maior capacidade de computação. Este raciocínio levou a proposta da hipótese do cérebro social a qual postula que a vida em grupo gera as forças seletivas que impulsionam a evolução do tamanho do cérebro e de capacidades cognitivas mais complexas. Além disso, alguns autores sugeriram que estas adaptações cognitivas para a vida social dependem de um conjunto de módulos de domínio específico, os quais teriam evoluído especificamente para esta finalidade e, consequentemente, os mecanismos envolvidos na aprendizagem social difeririam dos mecanismos da aprendizagem individual. Outra consequência deste raciocínio é a de que durante o tempo de vida do indivíduo o cérebro deve apresentar uma plasticidade significativa permitindo que o mesmo genótipo produza diferentes fenótipos comportamentais em função de variações no ambiente social. O genótipo é a composição genética de um indivíduo, aquela que é passada de pais para filhos e que condiciona o fenótipo, o conjunto de caraterísticas observáveis resultante da pressão do ambiente sobre a informação genética. Nesta palestra serão revistas as evidências que suportam a hipótese do cérebro social e discutidos os cenários alternativos para a evolução da plasticidade do cérebro e do comportamento.