Desluz (2009)
Insetos utilizam a luz da lua e das estrelas como baliza de localização, mantendo-se em ângulo constante para ir e vir de seus criadouros. Com a luz artificial das nossas lâmpadas elétricas, os insetos passam a se confundir, buscando se aproximar das fontes de luz, voando em círculos, formando nuvens, atraídos pela luz em voltas sem fim. A luz que os atrai é a infravermelha, comprimento de onda que nosso olho humano não enxerga, mas potente atrator sexual das mariposas. Assim, freqüências eletromagnéticas são veladamente percebidas, através dos tempos, sob a luz da lua ou elétrica, perpetuando a sobrevivência das espécies.
Temos no espaço expositivo um cubo de Leds transparentes (8X8X8) que emitem luz infravermelha, e caixas de som, que respondem simultaneamente ao fluxo de passantes, em um outro lugar, região de casas de luz vermelha, como atrator, dissimulando um velado jogo de sedução. A movimentação do fluxo dos passantes na área da luz vermelha será capturada por uma câmera localizada no alto de um edifício, registrando uma visão de topo da área, uma rede, uma malha, que esquadrinha um espaço e um fluxo de passantes. As informações adquiridas alimentarão simultaneamente o sistema instalado na exposição. Este sistema é composto por um cubo de Leds que emitem luz infravermelha; uma placa arduíno que será a responsável para a relação entre dados analógicos e digitais; e dois computadores que processarão e gerenciarão os dados. Desta forma, os fluxos captados pela câmera externa irão acendendo e apagando as luzes do cubo da exposição, gerando movimentos e fluxos luminosos. Este processo será dinâmico, simultâneo e em tempo real. Enquanto isso, no espaço expositivo nada se vê ou escuta, mas o corpo percebe essas outras freqüências. As lâmpadas aparentemente continuam transparentes e sem brilho e as caixas de som sem emitirem sons audíveis aos humanos.
As luzes dos Leds do cubo não estão no espectro visível de nossa visão mas poderão ser vistas através das câmeras dos celulares. Desta forma o visitante passará a ‘enxergar’ toda uma nuvem de movimentações, que representam o fluxo de passantes nas áreas capturadas pela câmera remotamente e transmitidas em tempo real.
Desluz é uma não-luz, é um trabalho sobre a descoberta do invisível, nossos lugares provisórios, nossos fluxos e grades, camadas que se sobrepõem sutilmente e nos atraem sem que as vejamos e traem nossos sentidos ocultos e tão aparentes e trazem à luz nossos desejos na interminável busca de seguir as estrelas.
O Grupo Poéticas Digitais, neste trabalho foi composto por: Gilbertto Prado, Silvia Laurentiz, Andrei Thomaz, Rodolfo Leão, Maurício Taveira, Sérgio Bonilha, Luciana Kawassaki, Claudio Bueno, Clarissa Ribeiro, Claudia Sandoval, Tatiana Travisani, Lucila Meirelles, Agnus Valente, Nardo Germano, Daniel Ferreira e Luis Bueno Geraldo.
O trabalho foi apresentado na Galeria Espaço Piloto de 16 a 30/09, #8.ARTE, UnB, Brasília e uma nova versão na Galeria Luciana Brito, em São Paulo na mostra Galeria Expandida, com curadoria de Christine Mello, de 5 à 20 de abril de 2010.