Gostando ou não, a verdade é que muitos dos nossos relacionamentos — sejam amorosos ou de amizade — acabam funcionando como trocas. No melhor cenário, as duas pessoas contribuem para um ciclo de troca positiva onde existe apoio mútuo, carinho e realização. No pior cenário, vivem uma dinâmica de antagonismo, onde cada ação leva a um ciclo vicioso de ciúmes, mágoas e ressentimento. No entanto, a maioria dos relacionamentos fica no meio do caminho, numa negociação silenciosa em que cada um tenta conseguir o máximo possível do que precisa, mesmo que nunca seja tudo. Essa dinâmica é especialmente válida quando falamos de sexo, conforme podemos assistir nesta seleção de estreia de filme (com conteúdo adulto) do Vimeo Staff Picks de hoje. Dirigido pelo sueco Jonathan Etzler, “Intercourse” (SXSW 2018) é um curta-metragem ousado que você precisa assistir para entender como os relacionamentos modernos lidam com desejo, poder e tabus.
O filme acompanha um casal jovem que vê a relação estremecer quando o namorado oferece dinheiro à namorada para transar com ela durante o período menstrual. O que começa como uma brincadeira aparentemente inocente se transforma em uma crise que ameaça o relacionamento. “Queria mostrar que até a intimidade pode virar mercadoria”, afirma o diretor Jonatan Etzler, explicando o conflito central da história. O próprio título do filme já é uma provocação: “A palavra ‘intercourse’ me lembra jargão corporativo. Daria para encaixar tranquilamente em um relatório financeiro de uma grande empresa.” Sexo e dinheiro são dois elementos complicados por si só em um relacionamento. Quando entrelaçados, podem virar uma bomba-relógio.
Mas, na verdade, “Intercourse” não é apenas sobre sexo nem dinheiro. O curta-metragem usa esses temas como alavanca para explorar a verdadeira tensão do filme: as disputas de poder dentro dos relacionamentos. O diretor Jonatan Etzler mostra que essas tensões já existiam nesse relacionamento na tela, mas se tornam visíveis — e impossíveis de ignorar — quando surgem em forma de dinheiro. Jonatan Etzler evita julgamentos. Seu olhar neutro convida os espectadores a refletir sobre as relações humanas e a projetar suas próprias interpretações. Isso tem rendido reações diversas, como conta em um episódio curioso: “Mostrei o filme a um casal de amigos — ele é sexólogo, ela estuda gênero. Eles adoraram, mas discordaram tanto sobre quem estava certo ou errado que passaram semanas discutindo o assunto.”
Está claro que o filme mexe com a gente; então é melhor assistir à estreia de Intercourse com (ou talvez sem) o seu par romântico.
Nota da edição: Jonathan Etzler está trabalhando em um novo curta-metragem. Clique aqui para saber mais.
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